Como Veja e Sol de Janeiro transformaram a brasilidade em estratégia global de marca
Veja, nascida na França, e Sol de Janeiro, criada nos Estados Unidos, têm em comum algo que parece paradoxal: ambas são marcas gringas que “parecem brasileiras demais para não serem”.
Veja, nascida na França, e Sol de Janeiro, criada nos Estados Unidos, têm em comum algo que parece paradoxal: ambas são marcas gringas que “parecem brasileiras demais para não serem”.
A Veja, nascida na França, e a Sol de Janeiro, criada nos Estados Unidos, são dois exemplos de marcas globais que encontraram valor - e potência - em torno de uma mesma ideia: celebrar o Brasil como narrativa central da marca. E o mais interessante é que nenhuma das duas é brasileira de origem. Mas ambas se apropriaram da estética, do ritmo e da simbologia brasileira com um nível de profundidade que torna quase impossível dissociá-las do país. A brasilidade não é só uma referência. É o core.
Veja: do tênis à Amazônia, um branding baseado em propósito
Fundada na França, a Veja conquistou relevância internacional não apenas pela proposta de design minimalista e pegada sustentável, mas pelo modo como a marca transformou o Brasil — especialmente a Amazônia — em parte essencial da sua narrativa de valor.
A produção com borracha nativa, o uso de algodão orgânico, o relacionamento com comunidades locais e a cadeia de produção rastreável são mais do que atributos. São pilares de um storytelling sólido, que conecta consumo consciente, impacto ambiental positivo e um tipo de ativismo silencioso, mas poderoso.
A Veja não “usa” o Brasil como cenário. Ela se insere nele com respeito, propósito e consistência. O resultado? Uma marca europeia que, aos olhos do mundo, parece profundamente brasileira — com legitimidade para isso.
Sol de Janeiro: a exuberância tropical como assinatura de marca
No universo da beleza, a Sol de Janeiro segue um caminho semelhante, mas com outra linguagem. A marca, nascida nos EUA, entrega um branding que celebra o Brasil como fantasia tropical — com humor, cor, sensualidade e orgulho.
Do nome dos produtos aos tons vibrantes das embalagens, passando pelos cheiros que remetem ao verão carioca e ao estilo de vida solar e descomplicado, tudo na Sol de Janeiro comunica um Brasil elevado ao status de lifestyle aspiracional. E o mais interessante é que, mesmo sendo uma marca americana, ela se comporta como uma marca brasileira bem resolvida. Com personalidade, consistência estética e domínio da narrativa — do feed ao ponto de venda.
Apropriação cultural? Não. Apropriação com consciência.
As duas marcas têm em comum uma estratégia que merece ser destacada: não se trata de “parecer brasileira” — e sim de incorporar o Brasil como identidade de marca. Isso exige pesquisa, respeito, repetição, consistência visual e clareza de posicionamento. Não é sobre estereótipos, e sim sobre imersão cultural bem direcionada.
Veja e Sol de Janeiro mostram que é possível transformar um imaginário local em potência global, desde que a execução acompanhe a ambição. Elas não são exceção. São sinais de uma virada no branding internacional: marcas que entendem que, para conversar com o mundo, é preciso saber contar bem a história de um lugar.

